Projeto Parque Ferroviário
Projeto de restauração, modernização e paisagismo
(Itararé-SP)
Desde 2021, ano da sua fundação, a associação Cânions Paulistas – uma Organização da Sociedade Civil (OSC) sem fins lucrativos – vem atuando pela proteção, potencialização e gestão cultural do maior patrimônio histórico e arquitetônico de Itararé-SP, seu município sede, e que é também um dos maiores conjuntos ferroviários do estado de São Paulo.
A partir do trabalho desenvolvido por seus associados, colaboradores e voluntários, ao longo destes anos foram feitas diversas ações educativas como palestras, oficinas, vídeos, publicações, reuniões com o poder público e eventos celebrativos. Estas ações tiveram como objetivo principal a preservação legal do Parque Ferroviário de Itararé e mobilização popular pela sua restauração.
Entre as principais ações desenvolvidas pela Cânions Paulistas estão:
DOCUMENTÁRIO PATRIMÔNIO CULTURAL DOS CÂNIONS PAULISTAS
No episódio disponível no canal YouTube da associação, a arquiteta-urbanista Carolina Klocker comenta sobre as características espaciais, históricas, logísticas e afetivas do conjunto. Ela ressalta o fato de que antes da criação da rodovia SP 258, era pela Estação, projetada por Ramos de Azevedo, que as pessoas chegavam e partiam de Itararé, sendo este um local onde pulsava a vida na cidade.
ENCONTRO CULTURAL
Celebrando o aniversário de 113 anos do Parque Ferroviário, no dia 3 de abril de 2022, em parceria com o Coletivo Andorinhas Urbanas, a Cânions Paulistas recebeu uma série de convidados especiais que abrilhantaram a Estação com performances musicais, teatrais, literárias e gráficas, com destaque a presença do artesanato, gincana e apresentações de canto de dança indígena, assim como do grupo de Capoeira local, resgatando a nossa cultura ancestral.
LIVRO PARQUE FERROVIÁRIO: PATRIMÔNIO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Lançado inicialmente em 2022, em versão digital, a edição foi ampliada em 2025 e uma centena de cópias impressas entregues nas escolas, bibliotecas e centros culturais do Sudoeste Paulista. O livro sobre o Pq. Ferroviário organiza-se em três partes, sendo a primeira referente a: conceitos gerais sobre cultura, patrimônio cultural, educação patrimonial e gestão turística.
A parte dois é um verdadeiro raio-X do conjunto ferroviário de Itararé, apresentando sua importância do ponto de vista histórico, urbano, arquitetônico, econômico e social. Estes argumentos foram fundamentais durante o processo de preservação legal (tombamento) do conjunto no CONDEPHAAT. A parte final do livro trás o sonho da Cânions Paulistas para este tesouro – um projeto de restauração, modernização e paisagismo do Parque Ferroviário.
SENSIBILIZAÇÃO
Dentre as ações de educação patrimonial e conscientização popular sobre a importância do Pq. Ferroviário promovidas pela associação Cânions Paulistas estão:
– “Exposição Nossa Bandeira”, Galeria da Cidade, São Paulo. Outubro, 2023
– “Apresentação Cânions Paulistas”, ETEC, Itararé. Outubro, 2023
– “Palestra Turismo Cultural”, Colégio Caetano Carbone, Itararé. Setembro, 2023
– “Tribuna do Povo”, Câmara dos Vereadores, Itararé. Abril, 2023
– “Visita Guiada ao Pq. Ferroviário”, Estação, Itararé. Agosto, 2022
– “Palestra Arqueologia e Patrimônio Cultura”, Virtual. Agosto, 2022
– “Palestra PMMA + Pq.Ferroviário ”, Colégio Caetano Carbone, Itararé. Junho, 2022
– “Tribuna do Povo”, Câmara dos Vereadores, Itararé. Maio, 2022
– “Trilha Urbana”, Pq Ferroviario – Barreira, Itararé. Novembro, 2021
PATRIMÔNIO CULTURAL ESTADUAL – PRESERVAÇÃO LEGAL
Em 2022, a Cânions Paulistas entrou com o pedido de “Reconhecimento de Patrimônio Cultural” (Tombamento de Bem) no Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT). A publicação “Parque Ferroviário de Itararé: Um dossiê”, feita pela associação, foi o principal instrumento que embasou a decisão favorável do comitê pela “abertura de estudo de tombamento do Parque Ferroviário de Itararé”, divulgada no diário oficial de 01/03/2023.
Esta importante conquista da sociedade civil, capitaneada pela Cânions Paulistas, impede que seja feita qualquer intervenção nas construções e no recinto ferroviário que descaracterizem o conjunto sem autorização do CONDEPHAAT, portanto o Pq. Ferroviário está legalmente protegido e incluído entre os patrimônios do Estado de São Paulo, o que abre caminhos para que sejam captados recursos para sua restauração, adequação e gestão participativa – desejos da sociedade itarareense.
PROJETO DE RESTAURAÇÃO, MODERNIZAÇÃO E PAISAGISMO
Entendemos como patrimônio tudo aquilo que tem valor simbólico para uma comunidade, município ou país. Aquilo que define nossa identidade, quem somos, de quem somos, de onde viemos e pertencemos. Os nossos patrimônios estão relacionados a nossas origens, a nossa ancestralidade. A forma como honramos os nossos patrimônios, as nossas raízes, diz muito sobre nós, sobre o tipo de civilização que estamos construindo.
A Cânions Paulistas acredita num ideal de progresso que parte de um respeito profundo pelo meio ambiente, pessoas e cultura. Nosso maior potencial está naquilo que nos torna únicos, singulares, que não pode ser copiado e reproduzido. Vemos como propulsor de desenvolvimento os elementos que fazem parte da nossa natureza, da nossa essência mais autêntica e verdadeira.
Aproveitando o ensejo do lançamento do livro sobre o Parque Ferroviário de Itararé, um grupo de arquitetos se reuniu a convite da associação Cânions Paulistas para pensar o futuro deste patrimônio do Estado de São Paulo. A proposta tem como premissas: enaltecer as belezas de cada ambiente externo e interno; realizar intervenções mínimas nas edificações; conectar visualmente e fisicamente todas as construções ferroviárias; tornar acessível todos os espaços; e proporcionar ou facilitar os percursos a pé ou bicicleta.
PROJETO URBANO
Tem como objetivos: 1. integrar as principais construções ferroviárias (oficina, galpões, estação e residências); 2. articular a área central e bairros periféricos; 3. ampliar o número de passagens, especialmente norte e sul; 4. conectar os dois lados do Córrego da Prata e recompor a mata ciliar junto a ele; 5. configurar áreas esportivas nomeadas de “Vilas Olímpicas”; 6. regularizar o loteamento dos ferroviários do ponto de vista fundiário; 7. criar novos quarteirões destinados à habitação, ampliando a oferta de residências.
PROJETO PAISAGÍSTICO
Recupera a memória dos trilhos que foram removidos após o encerramento da operação ferroviária nos anos 70-80, criando e recriando caminhos para pedestres e ciclistas que fazem submergir a linha principal de trem e suas derivadas que compunham o pátio de manobras. Estes novos/velhos caminhos organizam longitudinalmente em parque em setores: bosque de araucárias, pátio ferroviário, arena de eventos e praça da oficina. O talude atual é transformado em uma arquibancada para a cidade que conecta a rua frente às casas dos ferroviários.
Pelo paisagismo são criadas várias atmosferas levando em consideração as diversas possibilidades de uso como: pontes sobre o córrego, praça seca frente a edificações principais, jardins de grama e água, espaço para exposições e festividades. Busca-se se criar ao mesmo tempo um conjunto de espaços acolhedores e seguros para pessoas de todas as idades, combinando com a configuração de um recinto para grandes celebrações, como a de aniversário da cidade.
PROJETO ARQUITETÔNICO
Busca-se evidenciar a beleza das construções ferroviárias por meio de intervenções sutis e delicadas nas fachadas, pisos e coberturas, visando recuperar as características originais destas construções que resistiram com extrema dignidade ao passar deste mais de um século. Pretende-se valorizar a elegância singela e industrial destas arquiteturas de primórdios do século XX. Os ambientes internos recebem apenas ajustes mínimos para garantir acessibilidade e funcionamento adequado aos novos usos.
OFICINA
Maior edificação do conjunto, foi projetada com um espaço para se reparar os trens e sua cobertura é feita por majestosas treliças de madeira. Propõem-se dedicar esta construção a tecnologia, transformando este espaço em um Fablab – uma fábrica-laboratório, dirigido à capacitação técnica e fomento à criatividade, por meio de cursos como: modelagem e prototipagem 3D, moda, design gráfico, design de objetivos, produção de games, etc. Um centro de formação para a inovação, de onde podem surgir inúmeros inventos e soluções para problemas que ainda nem conhecemos.
GALPÃO SÃO PAULO
Para esta construção pensou-se na necessidade de espaços culturais destinados às artes do corpo em Itararé. Propõem-se um espaço multiuso, como um teatro “black box”, onde possam ser montadas várias cenografias de acordo com a natureza da produção: circo, desfile de moda, teatro, dança e concerto musical. Um espaço para se ensaiar e apresentar, formando artistas e público, fomentando a produção de obras locais que podem representar Itararé em todo circuito cultural nacional.
GALPÃO PARANÁ
Junto ao Bosque das Araucárias, pensou-se também em chamar este espaço de “Casa do Pinhão”: um refeitório, bar e café destinado a promover a culinária, a base de ingredientes locais e sazonais, técnicas e modos de preparos tradicionais, que aprimorasse a gastronomia do sudoeste paulista e divulgasse toda a sua riqueza. Neste galpão também acontece a exposição de artesanato regional e loja, dando visibilidade aos artistas e produtos que são patrimônio material e imaterial.
ESTAÇÃO
Cartão postal de Itararé, o edifício da Estação foi pensado para voltar a ser lugar de chegada e acolhimento aos turistas e moradores. Sua nave central funcionaria como local para fazer o receptivo aos visitantes. As antigas bilheterias funcionariam como Central de Atendimento ao Turista e sede da associação de guias turísticos. A ala leste foi pensada como Museu da Cidade, espaço destinado a exposições permanentes sobre a história de Itararé e do próprio Pq. Ferroviário. Na ala oeste, propõem-se um espaço dedicado às exposições temporárias, de arte e educação, que possam sempre ampliar o repertório cultural dos cidadãos.
CONTINUIDADE
Esta proposta não está fechada – ela agora pertence à sociedade. A Cânions Paulistas compartilha aqui seu sonho, para que VOCÊ faça parte dele, enriquecendo o projeto com críticas, sugestões e colaborando para que esta proposta se torne realidade. Nós precisaremos de todo apoio da sociedade civil, empresas e poder público para viabilizar as ações de restauro, modernização, paisagismo e gestão cultural. Se você deseja contribuir, por favor, entre em contato conosco.
Assista a transmissão da primeira apresentação deste projeto:
FICHA TÉCNICA
Autores: Alexandre Monteiro Silva, Carolina Klocker, Letícia Loriaga, Maria Clara Holtz e Pâmella Bandini
Coordenação: Carolina Klocker